01/09/2015 08h05 - Atualizado em 31/08/2018 09h38

No mês do Folclore, alunos visitam a Casa de Cultura do Município


Em comemoração ao primeiro aniversário de aquisição do antigo Trapiche, imóvel que abriga a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e a Casa de Cultura do Município, as portas do prédio se abriram para recepcionar as escolas municipais. No dia 22 de agosto de 2014, o casarão, antigo trapiche, foi adquirido pela Prefeitura Municipal de Conceição da Barra, com o objetivo de valorizar mais as manifestações culturais do município, preservando e fortalecendo a sua história.

Nessa visita comemorativa, estiveram presentes os alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) João Bastos Bernardo Vieira, da EMEF Dr. Mário Vello Silvares e da Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Prof. Joaquim Fonseca. Outras escolas também fizeram um agendamento prévio para visitações à Casa de Cultura.

Os visitantes são recepcionados pelo escritor e poeta Salomão da Silva Pinto, que lhes apresenta a galeria dos poetas de Conceição da Barra com um recital poético; em outro recinto, relata o histórico do casarão centenário, construído por escravos em 1876, final do século XVIII. No seu repertório, também revela as lendas sobre o Trapiche, que em tempos remotos foi mercado de escravos. Segundo conta o poeta, há uma bota de ouro enterrada ao lado do pé de fruta-pão, que está localizado lado oeste do terreno deste imóvel. E é ali também se esconde nas madrugadas, o boi-tatá. Conforme ele relatou, essa criatura folclórica, em forma de uma bola de fogo, atravessa o rio Cricaré, vai até a chácara do seu Vavá, à outra margem e retorna ao casarão para se esconder atrás do pé de fruta-pão, a fim de impedir que alguém tente retirar a bota de ouro.

Outro caso horripilante que o poeta conta aos visitantes é a respeito dos gemidos dos escravos, que os pescadores ouvem, quando navegam por ali nas madrugadas. Segundo o contador de histórias, ele conheceu o trapiche, antes da reforma realizada no prédio, em 1988. O piso era de madeira e no subsolo havia um porão onde se prendiam os escravos que seriam transportados em navios negreiros a outras localidades. “Na reforma, o assoalho foi substituído por uma laje e o depósito de negros fora fechado. Entre as largas paredes, construídas com pedras, cal de ostras e óleo de baleia, ficaram os gritos e gemidos daqueles seres humanos que eram tratados com toda espécie de brutalidade. E somente no silêncio da noite é possível ouvi-los”, relata Salomão.

Os alunos ouviram boquiabertos todas as lendas e outros causos, como a história do tubarão que engoliu Zé Clarindo e da Tsunami em Conceição da Barra. Além de se enriquecerem com o conteúdo cultural ministrado por Salomão, os alunos são conduzidos por ele ao 2º piso, onde contemplam a galeria dos prefeitos do município e aprendem um pouco mais sobre a história político-administrativa de cidade.

A Casa de Cultura é aberta para visitação durante todo o ano, recebendo alunos, turistas, ou qualquer pessoa que tiver interesse em conhecer de perto a cultura de Conceição da Barra.